quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

AGENTE BRUNO (VULGO TAMO JUNTO) Carta aberta ao amigos do sistema prisional mineiro

. Neste mês de fevereiro, precisamente no dia 21, completa um ano do dia mais confuso e triste da minha vida. Dia que diante de tanto stress, inquietação e confusão mental, decidi colocar um ponto final em minha vida. Numa terrível atitude impensada e descontrolada, desferi um disparo de arma de fogo contra meu próprio tórax. Relato aqui esse fato como um alerta, para que os nobres amigos, ao qualquer sinal de stress extremo, depressão ou desespero, jamais se isole ou pense ou tome atitudes drásticas. Posso testemunhar que o arrependimento é instantâneo. A dor física, o ardor do projétil nem se compara a dor do arrependimento e da culpa. Porém, testemunho aqui que o Senhor Deus por meio de sua compaixão me perdoou e me salvou. Não foi tão simples, foram quase dois meses em um CTI, literalmente a beira da morte, a família extremamente abalada, no coma você ainda mantém sua mente funcionando. Só conseguia pensar no arrependimento que vinha amargo em minha boca a todo instante. Respirei por auxílio de aparelhos por mais de 30 dias, me mantive vivo apenas por auxílio de máquinas. Durante esse tempo, não podia ingerir líquidos, somente me mantinha hidratado por soro, mas a sede era devastadora, quando acordei do coma não conseguia falar, mas através de gestos e mímicas implorava por um copo d’água. Reclamamos de tudo que temos, achamos pouco, ou daquilo que gostaríamos de ter. Naquele momento um simples gole de água seria para mim um tesouro. Não podia andar, sentar, mal me mexer. Fazia minhas necessidades em fraldas, perdi totalmente minha dignidade. Nos dias de visita, quando conseguia abrir os olhos, enxergava a dor dos meus familiares em me ver naquela situação. E o que mais doía era saber que eu mesmo tinha causado aquilo. A culpa era mais dolorosa do que qualquer sintoma físico. Mesmo estando com pouquíssimas chances de sobrevivência, Deus me perdoou desse gravíssimo pecado e me salvou. Consegui sobreviver, a recuperação foi lenta e dolorosa. Após a alta, fui internado mais três vezes por complicações respiratórias. Fisioterapias, exames, só raios x fiz mais de 50, ficando cada vez mais exposto a radiação. Mas enfim, depois de toda essa luta, o maravilhoso Deus me permitiu me curar 100 %, tanto físico quanto psicologicamente. Após um ano, minha vida foi se normalizando. Gostaria de agradecer publicamente aos que estiveram no Hospital durante o tempo que estive internado, peço desculpas se por algum momento minha família não soube lidar com a situação, peço que entendam o momento que eles passaram. Agradeço em especial o ASP Corleone, o ASP Matola, O Adeílton presidente do SINDASP, O José Fabio, Diretor do CAPJP, o ASP Claudio Chas 1.000, o ASP Messias do CAPJP e do SINDASP, o Aguinaldo Diretor do PR Congonhas, O Henrique Coordenador do NAL, o ASP Daniel do CAPJP, o Coordenador Romero do CAPJP, o ASP Giovanni do UGME, o ASP Max do PR Bicas I, o ASP Silvano do NAL, o ASP Silveira do NAL que estiveram lá presente no momento que mais precisei, o Superintendente da SAIG Pabloneli, o Diretor Gleydson da DGI que me acolheram após toda essa luta, o Superintendente da SSPI Reginaldo que se prontificou a me auxiliar após meu tratamento, a equipe da Diretoria de Saúde da SEDS que foram extremamente carinhosos comigo e com minha família, a Vanilda do administrativo do CAPJP que foi um anjo com minha esposa, a todos os ASP’s que estiveram fazendo escoltas hospitalares durante o período que fiquei internado que a todo momento iam me visitar e me dar forças. O principal intuito dessa carta e dizer aos nobres colegas que em qualquer situação difícil que procurem ajuda, seja no seio familiar, seja ajuda profissional e principalmente, independente de religião ou crença, se apeguem a Deus. Não se isolem ou deixem que os problemas da vida confundam suas mentes. Um abraço a todos e muito obrigado aos que torceram e oraram por mim. Hoje estou completamente recuperado, físico e emocionalmente, para a honra e glória do Senhor.

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